Santo Antonio e Exu


Santo Antônio e Exu

"O seu grande saber tornou-o uma das mais respeitadas figuras da Igreja Católica do seu tempo. Lecionou em universidades italianas e francesas e foi o primeiro Doutor da Igreja franciscano". 

Nas palavras de José Antunes:

"Santo António de Lisboa, embora muito festejado e venerado como santo pelo povo, é menos conhecido como um homem de cultura literária invulgar e como um verdadeiro intelectual da Idade Média. Reveladora dessa cultura ímpar, é a sua obra escrita, cheia de beleza e densidade de pensamento, como nos testemunham os seus Sermões, autênticos tesouros da literatura e da história. Vasta, profunda, extraordinária, a respeito da Bíblia. Ampla, variada e bem apropriada nas transcrições dos Padres da Igreja e dos autores clássicos. Impressionante, para o tempo, não apenas pelo conhecimento que revela das ciências naturais e das humanidades, mas igualmente pelo erudito discurso sobre noções jurídicas, como Poder, Direito e Justiça".

Naturalmente, era fiel à ortodoxia cristã. Apesar de sua extensa cultura profana, considerava a Escritura sagrada a fonte da ciência superior, da verdadeira ciência, da qual todas as outras eram meras servas e simples coadjutoras no trabalho da Salvação. Por isso deu grande importância a uma boa exegese do texto sagrado, privilegiando a extração do seu sentido moral. Nota-se ainda em sua obra alguns dos primeiros sinais de um progressivo abandono do pensamento medieval, que apresentava o homem e o mundo como desprezíveis e fontes do pecado, abrindo-se a uma apreciação mais positiva da vida concreta e do relacionamento humano, entendendo o ser humano como uma maravilhosa obra divina.

. Antunes, José. "A Invulgar cultura literária de Frei António de Lisboa". In: Departamento de Ciências e Técnicas do Património / Departamento de História e de Estudos Políticos Internacionais (org). Estudos em homenagem ao Professor Doutor José Marques, vol. 2. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2006, pp. 389-390

Santo Antônio e as Almas
A relação de Santo António com as almas do Purgatório deve-se à confiança na sua intercessão, muito aliada ao poder do fundador São Francisco e, sobretudo, à mística do cordão da sua túnica. As composições dos painéis do Purgatório e das alminhas populares seguem um esquema repetitivo, dividido geralmente em duas zonas. Pessoas várias no suplício, entre chamas, em baixo, e, em cima, personagem que intervém a favor dos condenados, muitas vezes sob o olhar superior da Santíssima Trindade.

35Na grande pintura da Igreja Matriz de Azurara aparece, a presidir à cena, a Santíssima Trindade, separada do resto por nuvens. Preenchem a composição diversos anjos, alguns com terço nas mãos. Santo António puxa um condenado do Purgatório. Em baixo, envolvidos em chamas, estão dez corpos do lado direito e cinco do lado esquerdo. Subjaz a esta pintura uma outra, possivelmente quinhentista e de excelente qualidade, a avaliar pelos rostos entretanto postos a descoberto. Só estudos futuros permitirão tomar as opções certas.
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36Na Igreja Matriz de Campanhã, a tábua policromada de um retábulo é também rematada pela figuração da Santíssima Trindade. Santo António aparece ao centro da composição, de joelhos sobre as nuvens, com o Menino nos braços. O Menino tem a mão direita em gesto de falar e segura uma cruz na esquerda, a revelar o sinal da salvação. Dois anjos fazem o trabalho de retirar os condenados, situados no extremo da composição. Na parte inferior estão corpos entre chamas, cinco na direita e quatro na esquerda, entre eles um rei e um bispo, e um dos condenados está acorrentado.

37Santo António aparece acompanhado de Nossa Senhora ou de São Miguel. A inclusão de Santo António nas representações de alminhas revela o enorme poder intercessor, adquirido pela fama de santidade. Pela sua relação com as Confrarias das Almas, referimos entre os objetos de culto litúrgico, que assinalam presença devota antoniana, as bandeiras e as cruzes destinadas às procissões.

38Também na escultura, a devoção às almas deixou marcas curiosas na diocese do Porto. Podemos registar os casos da Capela de Santo Antoninho da Igreja Matriz do Bonfim e da Capela de Santo António e Almas de Canidelo. No primeiro caso, três corpos entre chamas erguem os braços para o intercessor. Em Canidelo, três corpos encontram-se de mãos postas, outro gesto revelador da mesma prece.
fonte https://journals.openedition.org/cultura/332#tocto1n3
Revista de História e Teoria das Ideias

Muito bem!

Pelo acima exposto, fica relativamente fácil compreender por que Santo Antônio é o padroeiro dos Exus e da falange de Seu Zé Pelintra, porém, não consegue estabelecer tal relação quem não conhece Exu e a extensão dessa linha de trabalho no astral e na Terra.

Muito se fala, existem muitas teorias a respeito desse "sincretismo", mas analisando mais a fundo, chegando mais perto, percebemos que a questão é mais profunda.

Para ilustrar essa reflexão, relato uma das minhas muitas experiências com Sr.Tranca Ruas das Almas:

Foi um tempo de trabalho apométrico. Na noite anterior ao trabalho, esse Exu, meu pai, mestre e amigo a quem muito tenho a agradecer, me levou, durante o sono, em desdobramento, a uma imensa biblioteca no astral. Havia muitos livros e uma grande mesa no centro.

Ele então conversou comigo rapidamente e me mostrou um grande livro que estava sobre essa mesa. O livro, de capa em couro branco, me lembro bem desse detalhe, tinha o símbolo da maçonaria desenhado em dourado.
Não lembro muito bem o que houve a seguir, mas está gravado em minha memória este local e o livro.

Em outras ocasiões estive novamente nessa biblioteca.

O que quero destacar com este breve relato é que: a maioria dos Exus, quando encarnados, foram estudiosos, homens da lei, da justiça, padres, monges, homens cultos assim como foi em vida nosso querido Santo Antônio e, na minha opinião, a chave para o mistério desse "sincretismo" reside justamente neste ponto; a cultura. Além, é claro, da dedicação aos semelhantes sempre em defesa dos mais fracos e injustiçados, assim como agem nossos queridos amigos Exus na Umbanda e a falange de Sr. Zé Pelintra.

Certamente a autoridade moral e espiritual de Santo Antônio repercute até os dias atuais naqueles que foram e ainda são seus devotos, por isso, creio eu, a imagem, acima descrita, da obra de arte que simboliza o Santo intercedendo pelas pessoas, e as resgatando, no purgatório, umbral dos católicos e, diga-se de passagem, lugar muito conhecido pelos Exus de todas as hierarquias.

Sabemos, pelos relatos de alguns Exus, que resgates no Umbral são realizados minuto a minuto, tanto próximo à Terra quanto mais profundos e que esse trabalho é da alçada e competência dessa falange, ou grupamento de espíritos, além, é claro, das Pombas Giras que assim como os Exus realizam esse trabalho, portanto, conhecer é preciso para entender.


A ilustração acima descrita, mostra Santo Antônio resgatando do "fogo eterno" e acompanhado ora por São Miguel Arcanjo, patrono da Umbanda, ora pela Virgem Mãe Maria, ou seja, a espada que corta o mal e o coração que acolhe, conforta e que para nós, Umbandistas, está relacionado com Iemanjá e Oxum, mães por excelência na religião.

Santo Antônio, portanto, no astral, deve ter resgatado muitos espíritos em sofrimento, talvez não ele mesmo, mas a projeção de sua presença, ou seja, para um ser iluminado, basta que seja chamado, invocado para auxiliar que, de onde ele estiver, se projeta e aparece para o resgate. Para tanto, certamente, alguns Exus acompanham a projeção e realizam o trabalho com mais facilidade porque, para o fiel é muito importante ver o Santo, mesmo que seja apenas uma projeção de seu espirito.

Fica clara essa relação entre os Exus e Santo Antônio a partir dessa reflexão.
Primeiro Doutor da Igreja Franciscano, alia aplicação da Lei com compaixão, justiça/autoridade a partir do amor ao próximo e à todas as criaturas, assim como Exu.

Talvez seja finalmente essa a conclusão de minha breve reflexão que acaba por nos remeter a Ogum, que na Bahia é sincretizado com Santo Antônio não apenas pelo aqui exposto, mas também por ter recebido, postumamente, títulos militares além de honrarias esse nosso tão querido Santo.

Não há nada mais coerente nessas ligações "sincréticas" entre Santo Antônio - Exu - Ogum, senhores da Lei, Ordem, Bravura sem perder a compaixão e o respeito pelos semelhantes e por todas as formas de vida criadas por Deus.

Anna Pon

06.06.2018

Curiosidades:
Santo Antônio de Pemba, na Umbanda, que é o Patrono de Exú, que rege as legiões desses espíritos guerreiros e mensageiros dos Anjos Superiores (orixás), que preside as batalhas navais e terrestres. Santo Antônio que protege as pessoas dos espíritos malignos e que traz o que estava perdido.



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